As Crónicas de um piloto #2, Sentimentos

7 Fev

 

Mais uma vez, venho eu falar mais um pouco das minhas crónicas como “piloto”, desta vez falarei de sentimentos e de 1 evento:

– Treinos em MoSport

Rodei na pista um razoável par de voltas principalmente com o BMW, visto ser o carro com que treino mais pois a discrepância entre o ALpina e os outros carros de GTC-76 do resto das equipas é muito grande a nível de proporção motora por isso, eu aposto bastante em setups agressivos para poder atacar as curvas da forma mais agressiva e rápida possível, chego a pensar às vezes, a verdadeira adrenalina para mim, é fazer com que carros menos potentes, consigam acompanhar carros mais potentes, andando sempre no limite, coladíssimo aos outros carros nas curvas e nas travagens, mas que depois nas rectas, vejo-os abandonarem-me como quem diz “come pó malanadro!”.

Esta semana, em Mosport, tive oportunidade de treinar com o Jorge Mendes, grandes lutas tivemos ainda ali durante umas voltas, brutal mesmo, é sempre um prazer lutar com ele em pista eheh, durante estes treinos, houve várias voltas, tivemos uma luta interessante, numa pista tão rápida e com longas rectas como esta, o poder absoluto do motor do Corvette do Jorge apoderava-se das rectas com uma fome imensa, um verdadeiro “asfalt burner”, dist^anciava-se de mim como se eu quase estivesse parado, era brutal!aquele carro impõe respeito, embora quando eu chegava ao final da recta via o corvette a travar mais cedo, devido ao enorme peso na parte frontal do carronessas alturas era onde eu com o Alpina entrava principalmente em acção, a adrenalina sobe, rapidamente levanto o pé do acelerador e acaricio o travão, de forma mais virtuosa, e numa fracção de segundos, reduzo de 5ª para 4ª, e suavemente acaricio o acelerador a meio da redução, enquanto estou a travar para a curva.

Feito o ponta -tacão, a minha preocupação era apanhar o Jorge o mais rápido possível, tarefa dificil, pois embora guiando aquele verdadeiro monstro do asfalto, o Jorge é um excelente piloto e guia de forma muito limpa, embora o carro não o ajude nas curvas, eu, acariciando o pedal direito durante a curva de forma a fazer com que a atacasse o mais rapido possível, a adrenalina estava mais alta que nunca, a atacar as ultimas curvas do circuito como se nunca houvesse nada mais em que pensar naquele momento, apenas concentrado em extrair do pequeno BMW, o máximo possível, o carro grita sempre acima das 7mil RPM. Nas rectas o brutal corvette ia-se sempre embora, mas como para os americanos o que é grande é que é bom, não pensando nas contradições dessa idiologia, o corvette nas curvas torna-se num autentico carrossel, fazendo com que eu o apanhasse sempre nas travagens e me colocasse ao lado nas curvas, ultrapassando-nos sempre um ao outro, sem qualquer toque ou acidente, o que é excelente.

É uma satisfação enorme poder guiar com alguem sem haver acidentes nem batotas, nas travagens, ir completamente colado ao carr oda frente, seguindo-o como uma sombra, puxando como se não houvesse amanhã pelo bólide, forçando o carro a dar o máximo dentro das leis da física, quase alcançando o impossível, são sentimentos que é muito dificil de descrever, e só os compreende quem passa por eles. A frustração de num dia ser brutalmente competitivo, mas noutro ser um desastre faz parte de qualquer ser humano, a perfeição é inalcançãvel pois se houvesse perfeição, não existiria evolução, um piloto deve ser frio em pista, mas a realidade é que um piloto é um poeta, e escreve nas trajectórias de cada curva, os seus versos, e em cada volta os seus poemas, numa forma artística e bela, tentando sempre ser mais rapido que a própria sombra.

Até à próxima,

David.

5 Respostas to “As Crónicas de um piloto #2, Sentimentos”

  1. Vitor Costa 7 de Fevereiro de 2008 às 10:47 pm #

    Excelente descrição David. Editei só para se ler melhor porque tava impossivel de ler.

  2. rui cunha 8 de Fevereiro de 2008 às 6:45 pm #

    O melhor do GTL é propocionar excelentes momentos de condução.

  3. ruidias 8 de Fevereiro de 2008 às 9:04 pm #

    Totalmente de acordo com o Rui Cunha e quanto a ti David, gostei da parte final, mas o resto faz-me lembrar a minha escrita( quarta classe tirada de noite) hehe 🙂 tou a brincar.

  4. davidtmm 8 de Fevereiro de 2008 às 9:08 pm #

    para mim o que interessa n é se está correctamente escrito a 100%, mas sim a mensagem que quero transmitir para quem gosta de automóveis =p e sim racing

  5. Miguel Machado 9 de Fevereiro de 2008 às 5:47 pm #

    Bom trabalho! Nunca joguei o GT Legends, se arranjar ai a um bom preço, ainda sou capaz de comprar para dar umas voltas de vez em quando..

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